8 de junho de 2008

Às favas com a Métrica (Mundo da criança tem Sentido)

E então um dia ela começou a contar.
Começou a fazer uma lista de tudo que havia deixado de perceber, de todas as coisas que um dia fizeram todo o sentido pra ela, que agora não passavam de papéis rabiscados em tom de amarelo, lixo entulhado no quarto amarrotado, de resto amontoado no forro embotado.

Ela brincou de decifrar o que havia escrito no caderno de criança, com símbolos pra guardar o grande mistério que eram seus relatos. Não mais se lembrava o que significava o coração, a estrela, o quadrado, o triângulo cortado ao meio... que letras eles eram, e o que ela quis dizer? Naquela época parecia tudo tão importante, e agora, ainda seria?

Ela olhava os cadernos, as folhas e os desenhos pensando o quanto era feliz e nem ao menos tinha idéia. Pensava no jardim de camélias, nos patins de plástico, na corda de elástico, das brincadeiras no pátio.

Fascinante esse mundo de criança, onde pedra é diamante e onde tudo tem sentido.
No mundos dos adultos é necessário a razão, te receitam um comprimido para que te sintas vivo.

Patético.

(Deixamos o arco-íris infantil pelas cores pastéis adultas.
Prefiro comer os pastéis e admirar as cores.)

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