21 de julho de 2009

O Maldito

Aquele delicado maldito se encantava com os bandolins, com as músicas ciganas
Os anos não lhe tiraram nem um resquício de sua humanidade, por maior que fosse sua matança.
Rodopiava na ponta dos pés, sentindo o calor das chamas vindas da fogueira.
Assistia exaltado a fumaça se erguer aos céus. Aquela visão apinhada de estrelas, tão lindas elas, e tão mentirosas.

Sabia que não via verdade nos céu, via o passado, as ilusões daqueles astros, que outrora foram deuses para já passadas civilizações. Qual não teria sido a tragédia se esses povos soubessem da verdade, ou seria ele então, um tolo que não desconfiava do que aquele passado poderia ensinar.
"Quê que eu sei?"

Mas a dança continuava, o maldito esbanjando-se nas peles e nos cheiros daqueles que faziam tal música, tão maldita quanto ele próprio.
A fumaça conduzia tudo ao infinito dessas estrelas, que sorriam da infelicidade daqueles que se enganavam em vãs filosofias sobre a vida, ou mesmo a morte.

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