21 de janeiro de 2011

Areia faz Vidros

geralmente não é grande problema
quando vejo cacos de vidro velho pelo chão
eu dou risada deles, sei que machucam ainda, mas por que ligar?
não se vai pisar neles novamente, certo?

mas o caminhar é incerto, as vezes o chão muda de lugar
você acha que está desviando e quando toca o chão, descalço,
você se machuca sem esperar, não sabe porque pisou ali,
não sabe como, aquilo que esteve do outro lado da sala,
por mágica, apareceu ali.

E dói um bocado, sangra e logo estanca e apenas lateja,
você acende um cigarro, chora o que precisa chorar e sorri.
se pergunta uma ou duas vezes por que, presume que é sua culpa,
afinal, você devia ter prestado mais atenção.

bate a mão no colo, tira a poeira e caminha novamente
pensando que, vai valer a pena no final, vai valer a pena
embora seus passos sejam incertos…

você sabe.. que receberia um abraço, afinal.

Um comentário:

  1. Me fez lembrar de um texto, na verdade um título de livro do Rubem Alves: 'Ostra feliz não faz pérola' - 'E dói um bocado, sangra e logo estanca e apenas lateja'.
    E ainda nos perguntamos de onde vem a grandiosa beleza de uma pérola.

    Beijos!

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