9 de abril de 2008

Eternal Sunshine

Let's get that train, and come back when it have been forgotten
Let's walk in the rain at the beach with smiles on the face.
Let's search an empty summer house.. and find what's nice about each other.
I'll certainly hold your hand, and I may be shy.
You'll certainly make some joke about my face just to pretend you're ok.
We may kiss "when nobody is looking" (...) "just because it's delicate".
We may say goodbye before the dawn... and hold this little pain inside
In secret, protected.
We may love.. each other in silence.
We may love..

2 de abril de 2008

Violência Humana Auto-Imposta

Ela indagava seu manequim.

- Quando foi que você parou de olhar pra mim Jack? Quando foi que você percebeu que eu não era mais quem você havia conhecido? Jack! Por Deus! Olhe no meu rosto! Me diz, me diz apenas um motivo! Ao menos uma vez me explica alguma coisa com mais do que "Eu sou assim"... JACK!

Ela o encarava com um misto de raiva e angústia, algo sufocante que extinguia todo o ar da sala de estar.

- Você nem pensou em me avisar? Em dizer algo como "Querida, o que está acontecendo com você?" - Aparentemente ela imitava uma voz grave e séria, ridicularizando-a juntando as sombrancelhas e mexendo a cabeça quase como um tique nervoso - ... Não.. você estava mais preocupado com esse seu dia-dia tão difícil, que meros detalhes como eu.... Você nem havia percebido, não é?! NÃO É?!

Num acesso de fúria ela joga tudo que consegue pegar de um aparador perto da janela, isso é: um porta-retrato vazio, sua bolsa e algumas velas perfumadas contra o manequim, que inerte, quase parece recortado de uma revista e colado ali à contra-gosto.

Junto com toda aquela bagunça espalhada pelo chão, vidros quebrados e um barulho surdo pendurado no ar, está ela, ajoelhada aos pés do suporte de metal derrubado, que antes mantinha o boneco sem rosto de pé. O cabelos dela cobrindo-lhe o rosto e a testa encostada no chão com o queixo ligeiramente encostado no peito, ela aperta as mãos. As unhas quase lhe causando cortes na palma das mãos. Uma cena de desespero triste e silencioso agora, de quem não tem mãos para fazer nada contra o que sente, seja o que for.

O ar dilacerando seus pulmões, tamanha a força com que ela o empurra para dentro do corpo, parecendo preencher tudo por alguns minutos, em uma espécie de sinfonia torácica. Ela ainda não havia deixado se quer uma miligrama de lágrima lhe correr o rosto. Era orgulho ferido misturado com uma fúria quase insana que formava um tumor em suas cordas vocais. A falta de uma resposta concreta, de um porquê para algo que aparentemente não existia, era muito maior que uma dor nesse momento. Ela visualizava em sua mente como uma tortura sádica oscilando entre o papel principal de vítima e culpada.
O baque incessante dos punhos fechados batendo sincronizados lado à lado de sua cabeça, já nem era mais notado por ela, nem seus gritos descontrolados.

Ela tornava-se pouco à pouco uma visão surrealista, jogada num acesso de fúria e insanidade aos pés de um manequim de costura com quem gritava, empurrava e cobrava explicações, cortando-se nos cacos de vidro de um porta retrato vazio. Até render-se as lágrimas em uma posição fetal e a exaustão.

(...)

Disso que é feita a maior dor de todas as dores.
Da maior violência auto-imposta do ser-humano.
Do nosso tão bem quisto, amor-verdadeiro.

Amor esse que te faz grandes coisas, mesmo horríveis, ainda assim sempre grandes.

1 de abril de 2008

Acontece

Acontece que eu não precisava, nem tinha que fazer ou mesmo não queria.
Acontece que nem tudo isso impediu um passo à frente ou atrás.
Acontece que esqueci que isso podia acontecer
Acontece que acontecimentos não avisam ou mandam carta
Acontece que já aconteceu

E agora José?

Nada acontece de mudar
Nada acontece de esquecer
Nunca acontece de não acontecer

Foi assim que tudo virou o que hoje é: acontecendo.
Assim meio sem querer acontecer,
Com uma ingenuidade traiçoeira e conveniente.

Acontece que agora já aconteceu... entende?