29 de abril de 2011

Sem saber

Semanas se passaram desde que você se foi.
Em algum lugar sobrou espaço no meu tempo, lacunas nos meus dias, embora minha pose fosse de quem não liga.

Semanas se foram ralo abaixo.
Eu feito capacho da tua saudade, me fiz meio triste, sorri meio torto e acumulei algo feito raiva dentro do peito.

Bem feito.

Semanas se passaram para eu perceber que sou um fracasso em não querer saber, que sempre, inevitavelmente eu vou ligar, voltar, subir, bater na tua porta pra ver no teu olhar o amor que não reside ali, mas que vou querer fazer criar, fazer crescer pra já, aquilo que um dia houve, que um dia estava lá.

Isso sem nem saber o porquê.
Afinal, não se engane, eu não amo você.

28 de abril de 2011

Bethânia entende.

Que maravilha, minha menina, maravilha tu dançando solta nesse meio de gente e som.
Que bonita, mais bonita, essa que és tu, que vai de cá pra lá rebolando na ponta do pé.
Perdoe a seda desfeita, mas como me calar e não reparar, és mais linda que tudo!
Mas não se importe, não me note, nem olhe pra mim. DANCE! Dance até se desfazer em teu sal.

Porque é bonita, é bonita e é bonita.

26 de abril de 2011

Roteiro

Uma musa, um chá, vapor, cafeteria, cachecol, casaco, vestido, boca vermelha, olhos delineados, grandes cílios espaçados, olhar desinteressado.

O disfarce

Carta, mesa e olhos marejados. Uma lágrima. Uma nota.
A dor, sofridão, vascilo dos lábios e respiração.
"Je t'aime moi non plus..."

Passos perdidos, abraços em si, frio, condensação, secas lágrimas, sorriso sôfrego, mais passos, pessoas alheias.

Mãos apertam, um papel se amassa... e um canto qualquer, de uma cidade qualquer, é bom lugar para se desfazer.

Maré

Ela escapa entre cachos
se vai feito maré,
pois volta noutra hora
como se essas outras horas
fossem dias novos quaisquer

(...)


E ela faz cinema, faz teatro
pouco caso, ao acaso
dos seus devaneios

Julga fácil sua audácia,
pois que faça sua graça
que de cachos se fazem teus "entre-meios"

E emaranho tuas curvas
ou será que são teus cachos
não me importa d'onde durmas
não me importa onde te acho...

24 de abril de 2011

Oposto

Então te vá porque tua presença me lembra tua ausência e me irrita!
Pois incitas o contrário de ti e a vontade é de te transformar em matéria
e miséria fazer-te enfim!

Bendito que infinito és maldito.
Amor de que, amor pra que, que não serve de nada quando tua estada não existe aqui.
Te fazes farpa momentânea de dor instantânea ao tocar teus dedos em bordas de mim.

18 de abril de 2011

Desapego

Desliga-se do mundo, sim
Eleva-te ao nada, onde assim
que houver algo que brilhe,
que brilhe até o fim.

Pois disse eu, que algo mais queria,
chorando e sorrindo disse eu que
algo assim seria o certo,
mas de certo quis "desdizer"
e não, e talvez.

Algo nostálgico tinha me pego,
Me fez em paz
Mas não mais que dias,
não se fez capaz, nostalgia.

Quem pensei ser ficou noutro lugar,
O que um dia foi, saudade apenas, luar..
Que se contempla sorrido, talvez um pesar,
Mas nada há de se dar.

Ainda que alguma coisa
houve de se mostrar,
Acho sim, que fiz certo
em não "desdizer" já

Um deslize quase errado
que se fez "despisar"
para continuar a dizer
o que deveria de ser,
que deve assim ficar.