28 de dezembro de 2008

As Rainhas

É você toca, quando sorri. Pena não se estender ao que diz.
É você chama atenção de todos com suas histórias, 
mas depois que todos percebem que você é apenas histórias, 
então algo que você talvez não goste acontece.

Você é tão apaixonada por tudo aquilo que você desejar ter, 
Por todas as coisas que almeja ser, e que diz que é.
Chega a ser admirável, mas é apenas uma tentativa.
E que bela tentativa você é.


20 de dezembro de 2008

Gabrielle e Lestat

As palavras eram despejadas lacivas,
Sotaque pesado, inconfundível som delicado.
Saiam as notas, lançava olhares, brincava de diva.
E ainda tinham os campos de trigo, a luz amarelada, 
O cabelo dourado, e aquela aura angelical. 

Ela não existia, mas insistia estar ali. 
Como que zombando da realidade, fez pouco caso da verdade.
Deixou-se embriagar pela poesia, aquela mulher. 
Depois que foi embora levou junto a  fantasia. 
E o dia nasceu, sozinho, e esperançoso. 
Mas nunca tão sedutor quando a senhorita. 

18 de dezembro de 2008

A gente se entende

É difícil, você sabe que é, mas tá aí, feliz!
Sorri que nem bobo, sai por aí bebendo e brincando.
Levando a vida na manha, caindo e levantando. 

Não liga de dizer que ama mesmo, 
E sofre mesmo, sofre muito por todos os desencontros.
E depois ainda jura que eu não volto, 
Jura que eu vou largar do osso. 

E vou é nunca! Sabe do que mais, 
É que sou assim teimosa que nem você
Geniosa igual a você!
Insana como eu, que só você pode amar. 

A gente samba junto e volta e meia descompassa, 
mas passa, sempre passa.


17 de dezembro de 2008

Samba Morena!

Impossível te ver e não querer sambar. 
Impossível te escutar e não querer cantar,
E impossível ainda é não te rimar
E bem daquela forma mais simples.

Te rimando com o ar de verbo infinito.
Sucínto do jeito que só pobre sabe ser. 
Aparece morena, dança até os pés faltarem. 
Dança até não ter mais o que dançar, 
e mostra pra que tu veio.

Já estou cheio da pálida bossa, moça, 
Faça cores, faça pétalas douradas virarem
pandeiro, 
Samba. 
Samba!




16 de dezembro de 2008

Subconsciente

Em um impulsso irritado, ela avança furiosa contra a garota, fazendo-a tropeçar nos pés e cair na poltrona do outro lado da sala. Já bastava e não havia nada nas frases curiosas e apelativas que a interessasse mais. 

O silêncio finalmente inundara o aposento, o trepidar da lareira se confundia com a respiração forte das duas. E a luz pálida e trêmula conseguia tornar tudo mais sombrio do que já era. 

As mãos firmes, finas e brancas agarravam os dois braços da poltrona com uma força intensa, fazendo com que o corpo dela se curvasse para frente, até quase tocar com a ponta do nariz o rosto da bela jovem que lá estava sentada, encolhida no veludo rubro.

Os olhos da mulher de pé esquadrinhavam cada detalhe da feição de medo e curiosidade da delicada moça de cabelos cacheados, encaravam seus castanhos escuros mais seduzindo do que procurando algo. Mas aquele silêncio tinha um quê de malícia e maldade. Estava decidida a lhe convencer, a tomar nos braços aquela que parecia ser a pessoa mais furtiva que já conhecera. E o pensamento de dobrar o gênio impetuosos daquela morena de cachos compridos era uma diversão.  

- Se todos somos essa colcha de retalhos, não melhores que espelhos quebrados, pendendo para todos os lados a todo tempo, então, mon cherrie, que se levantem todos e ergam suas taças do melhor vinho e saúdem à sua grandeza e sua tragédia... - ao começo a frase tinha o ardor de um trovão, os gestos no ar, que fizeram uma das mãos se soltar mas nunca afastando o corpo, lembrava uma pequena encenação, logo num quase sussurro diz: - Pois não há mais nada que fazer se não saudar. - Um sorriso malicioso percorreu seus lábios então, - E aproveitar a vida que lhe resta, mon amour. 
Inerte, imóvel e hipnotizada, a garota parece quase ter levado um choque ao ser desperta pelo toque da mulher a sua frente, que conduziu com um dedo algumas mechas de cabelo dela para trás da orelha, com olhares famintos atentos ao que fazia. Exageradamente devagar se aproximou do pescoço da jovem, tocando ainda com não mais que a respiração quente sua pele. 
Foi então que a outra mão arrematou urgente a nuca da garota puxando a para si e despejando as únicas palavras que faltavam ser ditas. 
 
- Quero você!

12 de dezembro de 2008

Chá de Arco-Íris

O calor das roupas de lã conseguiam encoraja-la a sair pelas grandes janelas de vidro da sacada. E mesmo que não fosse esse pálido calor, a aquarela de cores que era o nascer do sol, conseguia fazer algo no peito que supria qualquer necessidade fisiológica, uma beleza que conseguia balançar qualquer olhar.

Enrrolada com um cachecol arco-iris, ela observa o nascer do sol, são 5:30 e passarinhos bricam de verão por toda parte.
As mãos seguram uma chícara deliciosa, com um vapor doce sabor morango que aquece até a alma. Fechar os olhos e respirar fundo era quase uma poesia, o cheiro dos cedros, de lavanda.. até a luz do sol parecia vir confundir os sentidos.

A música era delicada, piano, violoncelo junto de uma voz rouca que parecia cantar com tristeza essa beleza sufocante. Um pequeno pedaço de um momento impossível de se fazer repetir, aquelas sensações que nos vêm a memória com uma ponta de tristeza por décadas.

Vancouver, Dezembro de 2020.

9 de dezembro de 2008

Rubio

Enquanto o lençol enrruga-se, a mancha vermelha se espalha.
A respiração e falta dela ecoavam.
A pele avermelha-se ao passar das unhas,
e os gemidos delicados embalam cada movimento.

Nada era preciso enunciar,
Já que falavam com as mãos,sussurravam com o corpo,
tanto quanto ardiam com os lábios.

Ventre e Sague

Sorria meu bem, sorria.
Deite-me, gire e dance.
E se te faz tão bem...
Observe-me!

Ah! Sorria meu bem, ria.
Toma-me em teus braços e dance.
Dance, balance meus cabelos.

Ah.. esta dança!

Linhas sinuosas brilhosas e contínuas
Pétalas douradas nos quadris
que fazem desenhos com a luz pobre
O barulho do metal a tilintar
Os véus que perpassam seu olhar
Enquanto aquilo que ela é nunca esvanece.

Ela, a Dança, nunca cessa,
Ele sabe, nunca findará.
E ela sabe, nunca deixará de dançar.

Eles sabem, é isso que importa.
Sabem que existem mais coisas nessa dança,
Nas noites ao luar nas muralhas de areia,
Nos campos sangrentos do que o tempo,
(Insignificante) pode apagar.

O respeito e a dança sempre será deles,
Sempre os representará,
Em sangue e alma.

11 de outubro de 2008

Doença Musical

O som é suave, a música cheia de significados, detalhes intrínsecos costurados à linha de prata que entram pelo ouvido, se espalham por toda epiderme, adentram as veias, aniquiliam as defesas do corpo e estragam com o pensamento.

O olhar fica perdido, se perde no infinito de um ponto vago inexistente à rente dos olhos. O coração aperta, sufoca, e bate mais rápido. Existe até um sorriso que quer sair, mas doe muito, mesmo assim ele é forçado a se mostrar.

As sombrancelhas, elas se juntam levemente... e a respiração nem obedece mais.

Vai fundo no peito tentando aliviar.

E parece que tudo acaba quando a música termina... mas é só ilusão.
A música na verdade, nunca, nunca acaba, e ela nunca vai saber disso.

Pessoas

O que mais precisamos são de pessoas.
Pessoas para nos olhar.
Pessoas para nos tocar.
Pessoas para nos curar.

Precisamos de pessoas que
nos abracem,
nos escutem,
segurem nos braços e embalem.

Pra isso que servem as pessoas,
Fazer parte de nossas vidas,
Pro bem e pro mal.

Um coração é colado novamente com um sorriso bonito. =)
Pessoas sorriem.
Pessoas amam.
Pessoas gostam.

Eu gosto de pessoas.
E cuido das que mais gosto.

10 de outubro de 2008

A Menina e Garota

Texto escrito ao fim da leitura de "A Menina que Rouba Livros"


Menina. Livros. Palavras. Dor. Perda. Imaginação
Garota. Cores. Traços. Agonia. Tédio. Silêncio
Menina. Neve. Silêncio. Trem.Morte. Cemitério.
Garota. Chuva. Frio. Distância. Aperto. Metrô.
Menina. Futebol. Amigos. Livros. Nuvem. Rio.
Garota. Fotografia. Desenho. Cores. Pessoas.
Menina. Nazismo. Suástica. Judeus. Guerra.
Garota. Capitalismo. Contas. São Paulo.
Desânimo. Vontades. Mesmisse. Agonia
Culpa. Medo. Ansiedade. Pesar. Sorrisos e pensamentos ...

1 de julho de 2008

Some Billie Holiday Inspiration and Kokokaina

(...)
You don't exist anymore in present time,
You're but a ghost, some solid night ghost I wish I could touch.
(...)

(...)
Soon i'll just be
that someone you used to know
But darling you will thank me
for letting you go
time is not for wasting
i hope you'll find your intended
But i'm sorry
that your intended isn't me
(...)

30 de junho de 2008

Teatro Curioso

Não seja tão curiosa,
Não acabe com o suspense da peça,
Cada coisa no seu devido tempo, moça
Desse jeito o terreno fica pronto
E o arrepio à flor da pele
Pulsante, ancioso, excitante.

Não se apresse,
Esse papel impulssivo é o meu,
O seu é o sedutor,
Aquele que me envolve,
que me fará maldades

Entende a essência da cena agora?
Que bom... falta pouco para começar.
Respire... respire...!

11 de junho de 2008

Eros Malvado

Só você consegue me invadir com algum tipo de felicidade eufórica violenta. que acaba com tudo de mais ou menos cinza dentro de mim, fazendo por vários minutos que eu sinta estar no céu, no espaço, acima de tudo... de qualquer coisa!

Faz meu coração explodir, me faz a mulher mais feliz desse mundo de uma forma tão grande que só tenho vontade de chorar, me deixa sem reação, me enoza a garganta, e me faz sorrir.

Me faz duvidar de mim mesma, quando tudo está horrível, quando tudo está escuro, quando não enxergo nem meio palmo à frente do meu nariz, você aparece com essas flores, esse chocolate e não me diz nada, nem me diz que tudo vai ficar bem. Você apenas sorri e me abraça.

Você não entende que é só isso que eu preciso? rss...

Agora eu volto para meus afazeres rotineiros com esse sorriso besta nos lábios, que só você consegue deixar.
Eu lacro a portinhola do meu peito com a chave que só você têm.

wo ai ni

8 de junho de 2008

Às favas com a Métrica (Mundo da criança tem Sentido)

E então um dia ela começou a contar.
Começou a fazer uma lista de tudo que havia deixado de perceber, de todas as coisas que um dia fizeram todo o sentido pra ela, que agora não passavam de papéis rabiscados em tom de amarelo, lixo entulhado no quarto amarrotado, de resto amontoado no forro embotado.

Ela brincou de decifrar o que havia escrito no caderno de criança, com símbolos pra guardar o grande mistério que eram seus relatos. Não mais se lembrava o que significava o coração, a estrela, o quadrado, o triângulo cortado ao meio... que letras eles eram, e o que ela quis dizer? Naquela época parecia tudo tão importante, e agora, ainda seria?

Ela olhava os cadernos, as folhas e os desenhos pensando o quanto era feliz e nem ao menos tinha idéia. Pensava no jardim de camélias, nos patins de plástico, na corda de elástico, das brincadeiras no pátio.

Fascinante esse mundo de criança, onde pedra é diamante e onde tudo tem sentido.
No mundos dos adultos é necessário a razão, te receitam um comprimido para que te sintas vivo.

Patético.

(Deixamos o arco-íris infantil pelas cores pastéis adultas.
Prefiro comer os pastéis e admirar as cores.)

6 de junho de 2008

Boa Noite Infante

Durma e sonhe jovem infante,
Sorria, não esqueça de sorrir durante seu sonho.
Não me faça perder tempo com você.
Não embalo ninguém para "ninar".
Meu negócio é outro, algo com censura de 18 anos.
Algo que você não parece adequado.

Me desculpe querido, mas eu quero cometer os erros que não me permitem,
Fugir desse estado mental que anda me congelando.
Você não vai conseguir me acompanhar, entende?
Por isso, não adianta pedir para sair comigo,
isso é coisa de gente grande e já passou da sua hora de dormir.

Boa Noite

25 de maio de 2008

Entre Capítulos e Mudanças de Cenas

(...)E tudo terminaria melhor com um final feliz naquele capítulo.
Isso se não houvessem mais controvérsias (ou talvez sentimentos).
Deveria ser delicado, deveria ser íntimo.
"Mas agora é o Silêncio quem lhes fala junto com o Tempo Parado".
Estão tomando fôlego para descansar e continuar o próximo capítulo,
Mesmo assim, tudo seria mais feliz se a música tocasse mais uma vez.(...)

9 de maio de 2008

A moçinha no chão da cozinha escura

A moçinha do chão da cozinha têm tudo.
Têm família e têm amigos. Têm sorrisos e felicidade.
A moçinha que esfria-se no chão da cozinha caminha há anos feliz.

Só que de tempos em tempos ela sente o peso do que teve de abidicar por sua felicidade.
De tempos em alguns ela lembra-se de onde veio, do que passou e como foi.

Esse é o tempo onde ela vê quem realmente é, o imutável.
Na poça de lágrimas do chão da cozinha escura ela ainda escuta
doces palavras susurradas.
"Por quê choras?"

E nem consegue imaginar a vida sem aquela voz.
Congelada há tempos num "puzzle" infeliz de desencontros.
Onde nenhuma peça apertada, reposicionada ou virada muda
suas maiores incertezas e certezas.

A moçinha do chão da cozinha em preto e branco, sempre volta.
E cada volta traz à tona tudo que há de ruim e tudo que há de bom.
Pergunta-se "O que será que me dá...?" nas palavras do mestre.
E as respostas estão na ponta da língua e trancadas a sete chaves na garganta.

Ela não faz, não pensa, não sente. Respira e espera passar.
Como tudo que passa, que se passa e transpassa.
O tempo as vezes é exceção e não exerce sua função.
Até que o vento mude as dunas de lugar...
A moçinha continua se encolhendo e esperando anciosamente
pela voz lhe apanhar.

8 de maio de 2008

Scientist

I'd like to say I don't like when you comeback and amaze me.
I'd like to say I washed my hands hard, and blew away everything.
I'd like to say.. so many things.

9 de abril de 2008

Eternal Sunshine

Let's get that train, and come back when it have been forgotten
Let's walk in the rain at the beach with smiles on the face.
Let's search an empty summer house.. and find what's nice about each other.
I'll certainly hold your hand, and I may be shy.
You'll certainly make some joke about my face just to pretend you're ok.
We may kiss "when nobody is looking" (...) "just because it's delicate".
We may say goodbye before the dawn... and hold this little pain inside
In secret, protected.
We may love.. each other in silence.
We may love..

2 de abril de 2008

Violência Humana Auto-Imposta

Ela indagava seu manequim.

- Quando foi que você parou de olhar pra mim Jack? Quando foi que você percebeu que eu não era mais quem você havia conhecido? Jack! Por Deus! Olhe no meu rosto! Me diz, me diz apenas um motivo! Ao menos uma vez me explica alguma coisa com mais do que "Eu sou assim"... JACK!

Ela o encarava com um misto de raiva e angústia, algo sufocante que extinguia todo o ar da sala de estar.

- Você nem pensou em me avisar? Em dizer algo como "Querida, o que está acontecendo com você?" - Aparentemente ela imitava uma voz grave e séria, ridicularizando-a juntando as sombrancelhas e mexendo a cabeça quase como um tique nervoso - ... Não.. você estava mais preocupado com esse seu dia-dia tão difícil, que meros detalhes como eu.... Você nem havia percebido, não é?! NÃO É?!

Num acesso de fúria ela joga tudo que consegue pegar de um aparador perto da janela, isso é: um porta-retrato vazio, sua bolsa e algumas velas perfumadas contra o manequim, que inerte, quase parece recortado de uma revista e colado ali à contra-gosto.

Junto com toda aquela bagunça espalhada pelo chão, vidros quebrados e um barulho surdo pendurado no ar, está ela, ajoelhada aos pés do suporte de metal derrubado, que antes mantinha o boneco sem rosto de pé. O cabelos dela cobrindo-lhe o rosto e a testa encostada no chão com o queixo ligeiramente encostado no peito, ela aperta as mãos. As unhas quase lhe causando cortes na palma das mãos. Uma cena de desespero triste e silencioso agora, de quem não tem mãos para fazer nada contra o que sente, seja o que for.

O ar dilacerando seus pulmões, tamanha a força com que ela o empurra para dentro do corpo, parecendo preencher tudo por alguns minutos, em uma espécie de sinfonia torácica. Ela ainda não havia deixado se quer uma miligrama de lágrima lhe correr o rosto. Era orgulho ferido misturado com uma fúria quase insana que formava um tumor em suas cordas vocais. A falta de uma resposta concreta, de um porquê para algo que aparentemente não existia, era muito maior que uma dor nesse momento. Ela visualizava em sua mente como uma tortura sádica oscilando entre o papel principal de vítima e culpada.
O baque incessante dos punhos fechados batendo sincronizados lado à lado de sua cabeça, já nem era mais notado por ela, nem seus gritos descontrolados.

Ela tornava-se pouco à pouco uma visão surrealista, jogada num acesso de fúria e insanidade aos pés de um manequim de costura com quem gritava, empurrava e cobrava explicações, cortando-se nos cacos de vidro de um porta retrato vazio. Até render-se as lágrimas em uma posição fetal e a exaustão.

(...)

Disso que é feita a maior dor de todas as dores.
Da maior violência auto-imposta do ser-humano.
Do nosso tão bem quisto, amor-verdadeiro.

Amor esse que te faz grandes coisas, mesmo horríveis, ainda assim sempre grandes.

1 de abril de 2008

Acontece

Acontece que eu não precisava, nem tinha que fazer ou mesmo não queria.
Acontece que nem tudo isso impediu um passo à frente ou atrás.
Acontece que esqueci que isso podia acontecer
Acontece que acontecimentos não avisam ou mandam carta
Acontece que já aconteceu

E agora José?

Nada acontece de mudar
Nada acontece de esquecer
Nunca acontece de não acontecer

Foi assim que tudo virou o que hoje é: acontecendo.
Assim meio sem querer acontecer,
Com uma ingenuidade traiçoeira e conveniente.

Acontece que agora já aconteceu... entende?

9 de março de 2008

Entrelinhas à cores

Ela lavava, passava, assim, desamassando cada parte do bege,
Sim, lavava e ela molhava esfregando cada parte escura,
Ela tocava e se espalhava por todo o branco,
Ela sondava, sorria e falava com todo aquele vermelho,

Ela calava e suspirava, no seu ritmo quando era tocada,
Ela tinha seu tom amarelo, de praia, mas de areia branca.
Ela se molhava, se enrubescia se enroscando na água de cor
E ela explodia arco-íris num suspiro, num agarro de ar,

...então soltava e escorria em cores.